Débora Araújo Seabra de Moura, 34 anos , é a primeira educadora com síndrome de Down no Brasil. Para isso, teve que superar preconceitos lutando pelo seu lugar e defendendo a inclusão.
Débora sempre estudou em escolas da rede regular de ensino na cidade de Natal (RN). Com o total apoio de seus pais, quando terminou o ensino médio ela ingressou no curso de magistério na Escola Estadual Prof. Luiz Antônio.
Foram 4 anos de pura luta e superação, pois nesse período teve de lidar com situações nada fáceis, que trouxeram constrangimento e agressões. “Período difícil, sofri bastante, mas não desisti de buscar meus sonhos”.
No último ano foi acolhida por uma turma, tendo inclusive sido escolhida como rainha da escola para a festa de São João.
Formada, não parou seus estudos, tendo feito estágio na Universidade Estadual de Campinas – Unicamp além de cursos à distância para professores. Há 14 anos trabalhando na área de educação, trabalha como professora assistente na Escola Doméstica de Natal ajudando a alfabetizar crianças do 1º ano do ensino fundamental.
Autora de um livro de fábulas infantis para crianças sendo o texto da contracapa assinado pelo escritor João Ubaldo Ribeiro (1941-2014) ela se utiliza da figura de animais para abordar temas como diferenças entre os personagens, sexualidade e discriminação. “O livro foi uma surpresa que fiz para meus pais, um presente de Natal que nada sabiam sobre isso“. A Importância dos pais é visível quando se trata de apoio em situações como essa. Sua mãe Margarida de Moura, promotora aposentada, que continua a atuar junto de seu filho mais velho Frederico de Moura na advocacia, e o pai, José Robério, médico psiquiatra, que sempre apoiaram em todas as escolhas e decisões.
Dona Margarida é criadora da Comissão de Direitos da Pessoa com Deficiência da OAB/RN e uma das fundadoras da associação de Síndrome de Down do Rio Grande do Norte onde Débora hoje ocupa a função de vice-diretora regional.
Débora afirma que a inclusão é o caminho certo para a sociedade. Sua experiência em estudar sempre em escolas regulares reforça sua ideia contrária a separar o público de pessoas com síndrome de Down em escolas especiais. Segundo Débora, a convivências com as diferenças é importante para o convívio e aprendizado de todos.
Débora fica indignada com qualquer discriminação, tendo inclusive sido ofendida por uma Desembargadora do Rio de Janeiro que fez um comentário inapropriado sobre uma pessoa com Down na educação. Débora se defendeu e defendeu a todos os que possuem qualquer deficiência através de uma carta mostrando sua atuação na educação, e que ensina respeito e convívio com todos. Finalizou dizendo que a discriminação é crime. A Desembargadora se retratou.
Débora foi reconhecida e premiada, ganhadora do Prêmio Darcy Ribeiro de Educação, prêmio promovido pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados anualmente, sendo a primeira pessoa com Down a receber a menção honrosa, que foi entregue em Brasília, tendo sido considerada exemplo no desenvolvimento de ações educativas no Brasil.





